
MORREU UM HOMEM BOM – O REI DO CAFÉ !!
Quando morre uma pessoa de bem, humana e generosa, alguém que ajuda à felicidade dos outros, que cria riqueza e a distribui por quem trabalha, sempre desaparece alguém que deixa saudades e um grande vazio no coração das gentes.
Falo do Rei do Café, que, do nada, pelo seu querer e pela sua força de trabalho, ergueu um autêntico império, sem alarde, sem tiques de pessoa endinheirada, com humildade, sentindo bem as necessidades alheias.
Cruel verdade, nas vésperas de completar 92 anos de idade, acaba de partir deste mundo, um grande português, o comendador Rui Nabeiro. Se morreu fisicamente, não morrerá, jamais, no coração dos alentejanos, especialmente, dos que nasceram em Campo Maior, vila que colocou no mapa, como a “capital do Café”.
Por outros motivos, já tinha sido colocada entre os grandes do futebol nacional, porque o Campomaiorense se manteve, durante cinco épocas consecutivas, na I Liga do futebol profissional, com o corolário de ter chegado, em 1999, a uma final da Taça de Portugal, no Estádio do Jamor, com Rui Nabeiro na presidência.
Com apenas a 4.ª classe, Nabeiro era um Homem de inteligência superior, que soube construir um império, através do Grupo Nabeiro – Delta Cafés, que dá emprego a mais de 3.500 pessoas. Nunca escondendo as suas origens, dizia sempre que nasceu pobre, que andou no contrabando, que tratava bem as pessoas e dormia, muitas vezes, nas fazendas de café com os empregados.
Não sonhava com grandezas. A grandeza foi sonhada aos poucos, numa filosofia de modernidade. Sobre o trabalho e a produção dos seus funcionários, Rui Nabeiro dizia que não queria que eles trabalhassem mais, mas que trabalhassem bem…
O presidente da Associação Industrial Portuguesa disse que “o percurso e a história do grupo empresarial que (Rui Nabeiro) construiu, deviam ser objecto de uma análise e divulgação obrigatória no sistema formal do ensino”.
“A sua dimensão humana e o seu percurso devem servir de farol, de luz avisadora para outros exemplos que, felizmente, o país tem”, disse outra destacada figura da Confederação Empresarial de Portugal, pondo em relevo o seu exemplo de bem-fazer.
Rui Nabeiro congratulava-se com o facto de que, a sua maior riqueza, era ter muita gente a trabalhar para ele. Empenhado no bem dos seus trabalhadores, criou transportes para eles e alojamento próprio. Ajudou várias famílias, advertindo que estava com elas nos momentos bons, mas, sobretudo, nos momentos maus.
Pela grandeza de carácter, pelo Homem Bom que era, pelo seu percurso de autarca de antes e depois do 25 de Abril, o comendador Rui Nabeiro teve honras de ver perpetuada a sua memória, num monumento erigido na sua terra, naturalmente, agradecida por todo o bem que proporcionou aos seus conterrâneos e ao progresso da vila alentejana.
E, aqui chegados, lembrar que no concelho de Tondela, também tivemos um Homem Bom que, além de ter criado riqueza, através de empresas de sucesso no campo da saúde, deu-se ele próprio aos infelizes, aos marginalizados da sociedade, criando obras sociais que ninguém esquecerá jamais. Ele próprio fazia tudo aquilo que competia a um pai e a uma mãe, chegando a ir aos próprios tribunais, buscar os delinquentes, para os tratar e encaminhar na vida em sociedade.
O mundo necessita de homens como o Dr. João Almiro e Rui Nabeiro, para que acabe, de vez, a exploração do homem pelo homem e para que o mundo seja mais humano e fraterno.