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TONDELA PRECISA E MERECE TER HABITAÇÃO SOCIAL

Hoje, falo-vos do tempo. É que o tempo voa e, quando menos se espera, passaram anos, muitos anos, sobre determinados acontecimentos, sem esquecer aqueles que têm a ver com o desenvolvimento das nossas terras.

Contudo, perde-se sem conta tanto tempo, como diria, num poema de sua autoria, Frei Bernardo Castelo Branco, abade geral da Ordem de S. Bernardo e cronista-mor do reino, isto, já no século XVII. Lembrar que Frei Bernardo Castelo Branco, natural da aldeia de Janardo, incrustada na encosta nascente da Serra do Caramulo, era familiar de Camilo Castelo Branco.

Do tempo, estava a falar e, assim sendo, lembrar que, há precisamente 40 anos, em 1983, a classe política do concelho de Tondela andava em grande ebulição, numa altura em que era preciso dar mais e melhor ensino às populações e construir infra-estruturas de raiz, que não existiam. A Escola Secundária de Tondela funcionava no Colégio Tomaz Ribeiro e a Escola do Ciclo Preparatório, no Colégio de Santa Maria, ambas em instalações disfuncionais, que não serviam a um ensino capaz.

A Tondela, se teria deslocado o então secretário de Estado das Obras Públicas, eng.º Eugénio Nobre, mas para ir ver o terreno onde deveria ser instalada a nova escola C+S de Campo de Besteiros, numa iniciativa que se ficaria a dever ao Dr. João Almiro e ao presidente da Junta de Freguesia dessa altura, Alcino da Silva Dias, onde o governante visitou, também, o local onde iria ser construído o quartel dos Bombeiros Voluntários daquela vila.

Em Tondela, Eugénio Nobre pararia no nó rodoviário central da então variante de Tondela que, mais tarde, viria a ser integrada no troço do IP 3. Ali, pelas forças políticas locais, teria sido pedido um competente viaduto, para protecção das centenas de alunos das escolas, dos operários fabris e dos milhares de feirantes.

Contudo, em vez de um viaduto competente, foi construído um pontão sem dimensão, dando apenas passagem a pessoas de bicicleta e a pé, sem capacidade de escoar o tráfego automóvel da região.

Lembra-se que, na passagem de superfície, teriam acontecido dois acidentes que roubaram a vida a duas pessoas do concelho e, só em 1996, 13 anos depois, é que foi construído o actual viaduto, que, naturalmente, responde às necessidades de pessoas e bens.

Na questão das escolas, o secretário de Estado das Obras Públicas, nada quis dar à sede do concelho, o que deixaria imensamente aborrecidos aqueles que, há mais de 10 anos antes, vinham lutando pelas instalações escolares a que tinha direito, tanto mais que já existia um terreno, comprado desde 1970, para edificação do tão falado, mas sempre protelado, complexo escolar de Tondela.

“Enquanto se discute o sexo dos anjos, Tondela sofre”, escrevia eu no jornal “Notícias de Tondela” de 28 de Abril de 1983, face à indefinição que, naquela altura, reinava entre os políticos de todas as bancadas da Assembleia Municipal.

Finalmente, depois de muita discussão, avanços e recuos, é que a comissão encarregada de estudar e implementar o ensino e as instalações a ele adstritas, determina que a Escola Secundária de Tondela, tenha construção imediata. E, a par disso, que fossem implementados os estudos para a construção das escolas C+S do Caramulo e da Lajeosa do Dão e não apenas em Campo de Besteiros.

Em Tondela, é assim mesmo, perde-se sem conta, muito tempo, na discussão dos problemas, pelo que, só tardiamente, eles vêm a luz no fundo do túnel. Neste transe, gostaria que não acontecesse o mesmo com a edificação de habitações a custos controlados, pois Tondela precisa e Tondela merece ter habitação social.

TONDELA É LINDA, MAS TEM DESTAS COISAS !!

Esta, nem Santo António lhe acode…

As fotos mostram tugúrios na Rua de Baixo e o imóvel da antiga Pensão Matos, à espera de transformação para habitação social a custos controlados.

E, como estas, outras aberrações se podem encontrar, facilmente, pela cidade.

Até quando?