COISAS DA NOSSA TERRA – COISAS DAS NOSSAS GENTES

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PAVILHÃO MULTI-USOS – CARÊNCIA SENTIDA

                  ——————  Escreve: ZÉ BEIRÃO

Agora que chegaram ao fim os festejos de mais uma FICTON na cidade, com toda a polémica que envolveram, pelas mudanças operadas, convém reflectir sobre os locais para onde foram atiradas a feira semanal e as festas do concelho, que coincidem com o Feriado Municipal e as Festas dos Bombeiros Voluntários de Tondela, este ano completando um século de vida.

O Município dispõe, na cidade, de um excelente Pavilhão Desportivo que, pela realização da FICTON, é ocupado por uma “montra” concelhia das suas empresas, que ali mostram os seus produtos e as suas realizações e coincide com a abertura do ano lectivo nas escolas instaladas nas suas imediações, com todas as implicações daí resultantes, já que tal pavilhão é usufruído por centenas de alunos de todas as idades e que tem ocupação intensiva.

Foi assim, que a actual presidente do Município, Carla Borges, encontrou argumentos para proceder à mudança da Feira Industrial e Comercial do Concelho de Tondela para o recinto da Feira Semanal, obrigada, também ela, a “saltar” do local centenário da sua realização, para um terreno de poisio que se encontra incrustado no “casco” sueste do tecido histórico da urbe que aguarda por uma competente urbanização que tarda em aparecer e que começou a ser esboçada, antes do virar do século para, logo, ser abandonada incompreensivelmente, de que ficaram vestígios nalguns arruamentos asfaltados e que, agora, até deram jeito para a feira.

Toda a gente entende que este andar de “trouxa” às costas, não será o melhor “cartão-de-visita” de uma cidade e de um concelho que se quer, cada vez mais, digno, pujante e desenvolvido.

Uma vez que a FICTON, tem sempre que coincidir com o Feriado Municipal, não podendo, pois, ser alterada a data da sua realização que não coincida com a abertura das aulas, deve procurar-se uma solução definitiva e duradoira.

E, assim sendo, essa solução passará pela edificação de um pavilhão multi-usos, como têm a maioria das cidades e várias vilas portuguesas e que Tondela não tem e deveria ter.

Até para realizações de outras feiras temáticas, como por exemplo, da vinha e do vinho, onde entraria o “Tondela Brancos Dão”, do artesanato e dos produtos locais e da gastronomia, a feira à moda antiga com as suas velharias e costumes ancestrais e outras que se viessem aduzir a um espaço multi-usos, bem dimensionado e de actividade regular.

Além de que também poderia servir para apoio à própria feira semanal se, no seu interior, ou adossado, fosse incluída a edificação de um restaurante, com espaços para dois ou três feirantes do ramo, com cozinhas, casas de banho e refeitório comum.

Estarão os leitores a perguntar: Onde instalar esse pavilhão multi-usos? Não seria necessário fugir muito dos ancestrais espaços da feira semanal, nos terrenos do denominado Vale das Perdizes.

Com efeito, os terrenos que no passado eram vinhas que produziam excelentes vinhos, onde até crescem eucaliptos e que, até agora, têm estado transformados em matagais, serão o local ideal para levar a efeito tal desiderato, que valorizaria a cidade e a região, com a anuência, certamente, dos seus proprietários, que bem poderiam rentabilizar, disponibilizando-os para a edificação da construção civil e, porque não, também, para um novo bairro social, com a chancela do Município de Tondela, enriquecendo-os com novos arruamentos e acessos à actual Rua Dr. José Homem Correia Telles? (e não apenas Correia Teles, como lá está).

Assim houvesse vontade política para encarar, decisivamente, tal desiderato, com o qual seria marcada uma nova era na liderança actual da Câmara Municipal de Tondela, que satisfaria toda a gente… e solucionaria muitos dos problemas da cidade e dos tondelenses.

Não é verdade que falta um espaço multi-usos em Tondela? É. Não é verdade que o imenso terreno do Vale das Perdizes poderá constituir mais uma etapa do crescimento natural da cidade neste novo século? É. Não é verdade que os tondelenses que não podem aceder ao mercado especulativo, anseiam por ter casa própria a custos controlados? É. Não é verdade que a Feira semanal merece ter o seu espaço de restauração com aquele asseio e a boa higiene que a cozinha exige? É.

Então, porque esperamos para dar à cidade o Pavilhão multi-usos de que há muito carece?

Tondela nunca será uma verdadeira e grande cidade, se os “velhos do Restelo” continuarem na sua senda da manutenção da ideia da pequenez e da modéstia que, para si, deve imperar, em detrimento do grande e do futuro, que está perfeitamente ao seu alcance e que, em determinadas épocas dos séculos que vão caindo, deve deixar as suas marcas. Marcas de progresso e de modernidade, marcas do zelo, do carinho, da inteligência, da dinâmica e da sensatez dos seus autarcas. Porque os homens (e as mulheres) passam e as obras ficam…

NOTA: Na foto, à direita, ao cimo, o Vale das Perdizes é a 2.ª mancha verde compacta