MUSEU DA CIDADE – Oportunidade para crescer !!
O Museu Municipal de Tondela – ao qual foi posto o nome e muito bem de “Terras de Besteiros” – foi, já neste século, das coisas boas que o Município criou na cidade e no concelho, pois, até aí, faltava algo que mostrasse, que lembrasse às gerações de hoje e àqueles que nos visitam e aqui se vão fixando, a história e as raízes das nossas terras e das nossas gentes.
Naturalmente, os vestígios arqueológicos e os utensílios de gentes que precederam os tondelenses de todos os tempos, na ocupação e usufruição destes territórios, feitos de montanhas, de vales fundos, de prados e de campinas produtivas, fertilizadas pelos imensos cursos de água de rios, ribeiras e ribeiros que, nascidos nas encostas da Serra do Caramulo, ajudam a irrigar os arrozais do Mondego e se precipitam no mar, na Figueira da Foz.
Vestígios do homem de antanho, mais de 200 estações arqueológicas, nem todas ainda estudadas convenientemente, que se podem ver por todo o território, desde o rio Dão às margens do Vouga, já na vertente ocidental da serra, que podem ser vislumbrados no discurso expositivo do museu. Em calçadas e pontes, por onde passaram, em correrias loucas, na disputa das riquezas das entranhas da terra, as tropas da Roma Imperial, na conquista da Península Ibérica, onde se ergueu a Lusitânia, feita de gente brava, disposta a escorraçar os romanos, não fora a traição dos próprios lusitanos que mataram o seu chefe, esse general-pastor que se chamou Viriato.
Um museu que conta a vida dos tondelenses desde a pré-história, a Idade Média até aos dias de hoje e que constitui, sem dúvida, um bom “aperitivo”, na cidade, para aqueles que, nos locais onde foram descobertos, os possam observar, ainda em bom estado de conservação, uma vez que os serviços do Museu, organizam visitas guiadas a esses locais onde trilharam e viveram gentes do passado longínquo das Terras de Besteiros, terras de Tondela.
O edifício onde se instalou o Museu, no Solar de Santana, de 1739, mandado construir pelo padre Dr. Alexandre Marques do Vale, tem um vizinho que não andará muito longe do estilo desta casa solarenga do século XVIII. Trata-se de um edifício contíguo, onde estiveram instalados dentistas, cabeleireiras, advogadas e estabelecimentos comerciais, desde longa data.
Na pretérita semana, a casa ficou devoluta, com a saída, do local, de uma empresa bem conhecida das redondezas, sendo afixado um cartaz a informar possíveis compradores, de que tal edifício está à venda.
Na minha modesta opinião, julgo tratar-se de uma oportunidade única para uma possível e desejável expansão do discurso expositivo do Museu “Terras de Besteiros”, que veria, naturalmente, no mesmo local, um espaço capaz de o valorizar ainda mais, adquirido que fosse o edifício, agora devoluto.
No passado, a transacção não teria interessado o Município, mas hoje, à distância de 13 ou 14 anos, as premissas da vida do museu, podem-se ter alterado, com a evolução do próprio discurso expositivo, que requererão novos espaços, tanto mais que o auditório de que dispõe, é bem reduzido e, bem assim, o espaço destinado a exposições temporárias. E existe ainda muita coisa que falta ser ali divulgada.
Até para uma possível loja do cidadão, com venda de postais ilustrados de todo o concelho, escola de artesanato local, reformulado que fosse o seu interior. Trata-se de um sítio central, bem visível e com serventia por dois parques de estacionamento, a 100 ou a 150 metros, onde até param as carreiras dos transportes públicos.
Eu penso, muito sinceramente que o Município tem aqui uma grande oportunidade de ganhar espaços maiores e, assim, valorizar, como se impõe, o Museu Municipal de Tondela.
ZÉ BEIRÃO