
Sinal de que tudo vai bem na Associação Nacional dos Combatentes do Ultramar, tem sido a aprovação, sistemática, das contas da gerência ao longo dos anos, à qual vem presidindo com muito acerto e dedicação, o antigo capitão miliciano António Ferraz.
No dia 16 de Dezembro, reunidos na sede social, naquela que foi a primitiva escola primária de Tondela (1866), graças à benemerência da Fundação Conde de Ferreira, a história repetiu-se, em 2023, com os antigos militares e combatentes da Guerra Colonial, a aprovarem por unanimidade as contas dos órgãos sociais de 2023 e o orçamento para 2024.
Na ausência dos titulares habituais, foi constituída uma mesa improvisada da Assembleia-geral, a que presidiu João Leitão Rodrigues, secretariado por José Figueiredo Henriques e Joaquim Duarte Pereira.
Na explanação feita pelo tesoureiro José Afonso, a conta de despesa saldou-se em 60.370 euros e a de receita, em 60.559,95 euros, apresentando um saldo de 189,95 euros. As despesas, regra geral, são sempre as mesas, ou seja: Meios humanos (sede e posto médico), 27.830 euros; Estado e outras actividades (sede e posto médico), 5.340 euros; Outras despesas, 5.200 euros; “A Voz do Combatente”, 5.000 euros; Actividades associativas e protocolares, 16.000 euros; Divulgação, 1.000 euros.
A conta de receita ficou assim distribuída: Quotas e donativos, 9.000 euros; Custos suportados pelos sócios, para os eventos, 16.000 euros; Comparticipações ou ajudas eventuais (CMT), 6.000 euros; Subsídio do M.D. N. em 2024, 29.559,95 euros. Falta receber do Município de Tondela a verba de cerca de 20.000 euros, como comparticipação nas obras da sede, especialmente, pinturas.
Numa informação complementar, António Ferraz disse que, em média, são prestadas 100 consultas por ano no posto médico da ANCU, onde 35 antigos combatentes recebem apoio psiquiátrico e psicológico por profissionais espacializados, sendo de referir que, entre Lisboa e Porto, os antigos combatentes têm, em Tondela, o único local de auxílio aos seus problemas relacionados com o stress pós-traumático de guerra.
ASSOCIAÇÃO COM MUITAS ACTIVIDADES
O presidente da Direcção, na sua explanação sobre o plano de actividades para 2024, começou por dizer que os combatentes vivos têm hoje entre 70 e 85 anos e que por isso, era uma “associação de velhos”, dirigida por “velhos”.
“Esta inexorável realidade e as perspectivas e incertezas duma situação política e social para o ano de 2024, dão pouca esperança de alguma melhoria nas nossas continuadas e antigas reivindicações”, asseverou António Ferraz. Em que, por outro lado entende que “a situação financeira da associação, com os recursos que conseguimos angariar ao longo dos últimos anos e as instalações que temos, nos permitem executar, com serenidade e a seu tempo, o plano de actividades que apresentamos para o próximo ano”, sustentou.
São 11 os pontos principais das actividades da ANCU para 2024 e que se prendem com a Revisão do Estatuto do Combatente, que continua a receber, anualmente, uma “esmola que já vem de 2002”, o “Stress pós-traumático de guerra”, a “Celebração do Dia do Combatente e do 10 de Junho”, o jornal “A Voz do Combatente”, o “Núcleo de Cascais”, o “Intercâmbio com outras associações de combatentes”, o “Jantar convívio mensal”, o “Aniversário da Associação”, o “Passeio de Primavera, Eco-pista, Magusto e Almoço de Natal”, o “Dia a dia” e o “Calendário dos Eventos”.
Seguiu-se um debate acerca das actividades da ANCU, destinado a receber novas sugestões para enriquecer, ainda mais, as actividades da prestigiada associação nacional dos antigos combatentes que, um dia, foram obrigados a pegar em armas para defender as vastas províncias ultramarinas portuguesas que, apesar dos 10 anos de sangue, suor e lágrimas, vertidos pelos jovens portugueses de então, acabaram por se tornar independentes, num processo que esteve longe de ser “exemplar” e que não honrou, de modo algum, a Pátria Portuguesa e que, ainda hoje, à distância de 49 anos, está longe de fazer justiça aos combatentes sobrevivos, pagando-lhes com umas migalhas, como é aquele “chorudo subsídio das vindimas” (100 ou 150 euros anuais)…
Em 2024, incluídas no plano de actividades, estão previstas visitas às escolas do concelho, prestando esclarecimentos aos jovens de hoje das nossas escolas sobre a guerra colonial e quem lá esteve.
Contudo, esta prerrogativa da ANCU, não encontra na nomenclatura das escolas de hoje, qualquer programa ou currículo para esse efeito, devendo-se estabelecer parcerias com as direcções dos agrupamentos de escolas do concelho, para tal iniciativa tenha cabimento.
Sobre o candente problema da ausência de transportes para os antigos combatentes, nos territórios onde eles não são acessíveis, deveria encontrar-se uma outra solução, para que os beneficiados não sejam apenas os das grandes cidades, como, por exemplo, terem descontos nos bilhetes, pois os transportes no interior são apenas até 32 quilómetros, solução que não serve aqueles que sempre estão mais longe do Poder Central.
EVENTOS PARA 2024
Abril – Ciclopista (Passeio de Bicicleta) e Comemoração do Dia do Combatente
- Maio – Caminhada na ecopista do Dão e Passeio da Primavera
- Junho – Comemoração do Dia de Portugal
- Setembro – 43.º aniversário da Associação e Festas da Cidade
- Novembro – Magusto de S. Martinho
- Dezembro – Almoço de Natal
- Mensalmente – consultas de psicologia e psiquiatria
- Trimestralmente – publicação e distribuição de “A Voz do Combatente”
Como já é habitual, no final da sessão da Assembleia-Geral da Associação Nacional dos Combatentes do Ultramar, realizou-se o almoço de Natal, por inscrição, tendo comparecido quem pôde e quem quis fazê-lo, certo e sabido que se trata de uma magnífico momento de confraternização e companheirismo e que, normalmente, acontece no Restaurante “Maçaroco”.
O almoço de Natal contou com a presença do vereador da Cultura do Município, João Carlos Figueiredo, que usou da palavra no momento próprio, assim como o presidente da ANCU, António Ferraz e o coronel Adriano Sanches.
JOAQUIM DUARTE PEREIRA