
“Os jovens de hoje pertencem a uma geração aflita”
Erguida após duas guerras mundiais, a Europa tem vindo a realizar um caminho assente em ideais de paz, estabilidade social e desenvolvimento. O seu modelo social, o melhor do mundo, começa a ser questionado e, pior do que isso, começa a mostrar sinais de colapso.
O aumento da esperança de vida e a diminuição, nalguns casos abrupta, da taxa da natalidade criaram um grave problema na sustentabilidade dos sistemas da segurança social.
A somar a essa preocupação temos o problema do desemprego galopante que atinge todas as camadas da população, em especial os mais jovens.
Hoje ninguém tem dúvidas que vão ser precisos longos anos para que os mais jovens possam ter esperança num futuro melhor. Os jovens de hoje pertencem a uma “geração aflita” onde a incerteza quanto ao futuro se constitui como a única marca de quem tem tomado conta dos destinos da Europa.
A situação ainda não tem tido consequências maiores porque muitos pais estão a assumir o pagamento das despesas dos filhos desempregados ou com empregos precários.
Os próximos tempos vão ser difíceis. É um facto e uma triste realidade. As últimas notícias não nos deixam tranquilos.
Sabem qual é o país da Zona Euro mais endividado? Serão os gregos gastadores desenfreados? Os espanhóis que tudo apostaram no imobiliário? Os cipriotas que nos seus bancos aceitaram depósitos oriundos de actividades duvidosas?
Os portugueses que construíram obram megalómanas sem terem crescimento económico para as sustentar? Ou os Irlandeses que viviam de crédito fornecido pelos bancos? Nenhum deles!
Soubemos estes dias que são os holandeses.
País onde o rigor e seriedade faziam tradição. A divida dos consumidores dos Países Baixos atingiu 250%, transformando a Holanda num dos países mais endividados do mundo.
Enquanto a crise na zona Euro andou pelos países periféricos, foram sendo implementadas medidas, nos últimos 3 anos, que contribuíram para uma melhoria da confiança dos investidores e da esperança dos europeus num futuro mais estável, mas não a conseguiram debelar.
Agora a crise vai bater à porta de um dos países mais desenvolvidos da União Europeia com uma economia, até agora, rica e pujante. A Holanda viu o seu mercado imobiliário estoirar e o país vai ter de começar a aplicar medidas de austeridade iguais àquelas que nós estamos a sentir.
Sinais muito preocupantes a que somamos a recessão vivida em França, o “cansaço de financiamento” evidenciado pela Alemanha, a que se soma a já indisfarçável intenção do Reino Unido abandonar a União Europeia.
Tudo somado temos sinais por demais evidentes que a Europa se encontra de pantanas, pelo que o ultrapassar desta crise ainda vai demorar muitos e dolorosos meses mas estou certo que os seus ideais e os seus valores acabarão por prevalecer e, assim, contribuir para um Continente mais justo e solidário.