A CARTA QUE AFINAL ERA UM ENORME POSTAL!

tempo de leitura: 2 minutos

“Preocupante são os responsáveis de empurrar o país para a banca rota se dizerem disponíveis para regressar ao poder”

A actividade politica no nosso país viveu, nos últimos dias, momentos de alguma agitação, quando começou a discussão de uma moção de censura que cedo se concluiu não visar marcar a diferença, relativamente à política levada a cabo pelo governo.

Quis, tão-somente, assinalar um afastamento relativamente à assombração que o regresso de José Sócrates representa para uma parte considerável do actual Partido Socialista.

O anúncio da moção de censura tinha sido acompanhado de uma carta para os nossos credores internacionais onde justificavam esta patética iniciativa.

Na moção criticava-se o governo, na carta assegurava-se o cumprimento do acordado no Memorando que permitiu o empréstimo internacional ao nosso país.
Como essa posição não fosse, por si só, bastante estranha, António José Seguro, com esta iniciativa, quis garantir o “sol na eira e a chuva no nabal”. Por um lado afirma que o governo não tem condições para continuar a levar a cabo a sua missão e por outro apressa-se a garantir, junto dos credores, que os socialistas “assumem as suas responsabilidades” e asseguram o pagamento do empréstimo acordado. Só não dizem como! Num dia prometem crescimento sem austeridade, no outro insistem nas virtudes da despesa (que tão bem sabem executar) quando se pede poupança (palavra ausente do léxico socialista).

Perante tamanha tontearia, aquele responsável político, aparentemente, esqueceu-se de meter a carta no correio uma vez que soubemos, durante a discussão da referida moção, que a mesma só tinha seguido naquele dia.

Comportamento vergonhoso quando sabemos que esse “atraso” não se ficou a dever a um esquecimento. António José Seguro sabia que, se tivesse mandado a carta na data em que a anunciou, os credores internacionais teriam dado a devida resposta e não é necessário ser adivinho para imaginarmos qual teria sido o seu conteúdo, que não andaria muito longe de algo parecido com isto: “deixem-se de brincar com coisas sérias e, todos juntos, congreguem esforços para que possam ser tomadas as medidas para que Portugal possa honrar os compromissos internacionalmente assumidos”.

Desde que este governo tomou posse que as coisas nunca estiveram fáceis. O chumbo, por parte do Tribunal Constitucional, de algumas normas do Orçamento de Estado para o corrente ano, não veio facilitar nada a vida de todos nós.

Sabemos que a Constituição deve ser cumprida, mas também não deixa de ser verdade e deveras preocupante é que os responsáveis por empurrar o país ara a bancarrota, em que este governo o foi encontrar, são os mesmos que agora se dizem disponíveis para regressar ao poder, dando a entender que a situação de emergência em que vivemos, nada tem nada a ver com eles.

Nos últimos tempos os socialistas demonstraram uma preocupante sofreguidão pelo poder, demonstrando uma vergonhosa amnésia política. Perderam o verdadeiro sentido de Estado quando enveredaram por uma posição preocupante, reveladora, para o comum dos portugueses, de um estado sem sentido.

O secretário-geral do Partido Socialista bem pode anunciar o envio de cartas, tenham elas o destino que tiverem porque, na realidade, o que começa a prevalecer na opinião pública é o seu inquietante e inqualificável comportamento que mais se assemelha a um enorme… “postal”, sem cor nem mensagem.