TONDELA NÃO SABE O QUE QUER?
Inaugurada em 14 de Setembro, prolonga-se até ao dia 18, a FICTON – Feira Industrial e Comercial do Concelho de Tondela, que vai na 28.ª edição.
Logo após uma arruada da velhinha Filarmónica Tondelense, foi realizada a sessão de abertura do certame, onde estiveram presentes e usaram da palavra, a presidente do Município de Tondela e a secretária de Estado do Desenvolvimento Regional, Isabel Ferreira.
Para a chefe do executivo tondelense, a FICTON, depois de dois anos suspensa, devido à pandemia, “regressa ao concelho de Tondela num claro testemunho de resiliência comum, comprovando mais uma vez a importância da sua realização para o desenvolvimento do concelho da região”, referindo o certame como “o maior evento em Tondela”, que se afirma como “a grande mostra do tecido empresarial, comercial e associativo”, demonstrativo da “vitalidade do concelho” e dos seus principais agentes.
- MUNICÍPIO QUER APOIOS DO ESTADO
Para Carla Borges, a FICTON é “um evento aglutinador dos vários sectores de desenvolvimento concelhio económico, social, cultural e desportivo”, reconhecendo que com o conflito armado na Ucrânia, chegavam “desafios inesperados e as consequências indesejáveis para a economia”, que urgia ultrapassar por todos.
Por isso, considera urgente “definirem-se estratégias de desenvolvimento regional, que permitam mitigar os efeitos nefastos trazidos para a economia, a reboque de uma inflação galopante”.
Centrando-se no desenvolvimento do concelho, referiu-se às obras quase terminais do Centro Tecnológico e de Empreendedorismo de Tondela, chamando a atenção de Isabel Ferreira no sentido de apoiar a criação de mecanismos de desenvolvimento da Vila do Caramulo, “um dos principais polos de interesse turístico da região centro”.
Noutros aspectos, pediu a sua intervenção no processo do próximo quadro comunitário de apoio à construção da via de interface entre a zona Industrial do lajedo e a zona sul, permitindo um acesso rápido e seguro ao IP3, em Tondela, um projecto em fase de estudo prévio, e que não tem apoio no âmbito do PRR e custa, como sabemos, 8 milhões de euros.
- “OS APOIOS NÃO SÃO O MAIS IMPORTANTE”
No seu discurso, a secretária de Estado do Desenvolvimento Regional, nem disse que sim nem disse que não aos apelos de ajuda a Tondela por parte da presidente do Município, o segundo polo mais importante do distrito, em população, em área e em desenvolvimento económico.
Entre outras linhas gerais de pensamento, Isabel Ferreira, apenas disse que “os apoios não são o mais importante pois, primeiro é preciso saber o que se quer, como se quer e quando é possível realizar”.
Estava tudo dito. O Estado perde-se em retóricas para não abrir os cordões à bolsa, que é de todos, deixando claro, a sua representante, que “os apoios não são o mais importante”.
Como assim? Como é possível fazer obras sem os apoios estatais e comunitários? São conjecturas que um jornalista interventivo, pode e deve fazer. Será que a secretária de Estado pensa que o Município de Tondela não sabe o que quer?
- OBRAS PARA CONCLUIR E OUTRAS PARA LANÇAR
Carla Borges, já em entrevista ao “Diário de Viseu”, teria oportunidade de referir projectos para concluir, como o Centro Tecnológico e a Frente Ribeirinha, este “um grande projecto há muito desejado e reclamado não só pelos residentes na cidade, mas também por todo o concelho” que iria ser “um grande cartão de visita do nosso concelho”.
Referiu, depois, a conclusão das obras nas zonas industriais, a concluir e as intervenções na área da saúde, pela requalificação da Extensão de Saúde do Caramulo, nas Unidades de Saúde Familiar de Canas de Santa Maria e de Tondela e na Extensão de Campo de Besteiros.
Lembrou as intervenções no parque escolar e o projecto da Loja do Cidadão, com candidatura aprovada. Contudo, não foi referido o problema da falta de habitação a custos controlados, num projecto de 50 fogos, lançado e a aguardar há muito, os apoios do Estado, enquanto nalguns concelhos vizinhos já receberam apoios de vários milhões de euros, caso de Mangualde.
Quanto à “marca” que quer deixar na sua presidência, Carlos Borges disse que “a marca de um concelho em desenvolvimento, que esteja sempre na linha da frente, a pensar sempre no melhor e no bem-estar dos nossos concidadãos, naqueles que cá vivem, naqueles que querem vir para cá, porque o concelho é atractivo, também, para mais pessoas, jovens casais, pessoas mais idosas, a pensar na saúde, nas crianças. Acima de tudo, uma marca de uma pessoa atenta, preocupada, próxima, que encontra soluções”.
ZÉ BEIRÃO*
*Jornalista