Há dias, uma 5.ª Feira, entre a hora do almoço e a meia-tarde, um camião cisterna tentava, a todo o custo, avançar na estrada que, desde as proximidades da Fonte do Sameiro, na ER 230, conduz ao Guardão, na mesma estrada, pelo Figueiral e Janardo.
Era quase como que fazer passar um camelo pelo buraco da agulha. Tal o tamanho do veículo pesado e os apertos da via, para além do seu elevado nível de inclinação. Mais de uma hora antes, tinha eu conseguido passar, na mesma estrada, rumo à Vila do Caramulo, quando o veículo se encontrava à entrada de Janardo, no enfiamento da estrada velha, que vem do centro da povoação, que já foi a sede do concelho do Guardão.
No regresso ao vale, pela mesma via, o camião fazia milhentas manobras, quase no mesmo local, auxiliado por um reboque, mas o certo é que pouco ou nada se mexia e lá continuou pela tarde fora, a entupir o trânsito numa estrada bem estreita que, como todos sabem, tem dois “apertos”, tanto em Janardo como no Figueiral, com antigas casas em “cima” do alcatrão.
Perguntado a um dos que auxiliava o reboque, porque é que o motorista quis transitar naquela via estreita, quando tinha a ER 230, mais desafogada, foi-me dito que ele, o motorista, desconhecia a capacidade da via, pois não existia sinalização em contrário. Então, eu e outros condutores tivemos que voltar para trás e retomar a ER 230 no Guardão.
É claro que, para as pessoas da região, é fácil conhecer as nossas estradas e aquelas onde se pode ou não transitar em segurança. Agora, para pessoas de fora, vindas de várias zonas do país, isso é impossível de saber, não obstante terem indicações do GPS de caminhos mais curtos, só que esses caminhos, embora curtos, não têm as dimensões das antigas Estradas Nacionais, como é o caso das EN 2 e 230.
Acontece que, uma simples placa toponímica, nas entradas e saídas dessa via Municipal que serve Janardo e Figueiral, com a indicação de que estaria interdita a viaturas pesadas, resolveria alguns destes problemas, já que o GPS manda avançar mesmo para ruelas que, pela sua estreiteza, só darão passagem a carros ligeiros e a carrinhas de caixa aberta ou fechada.
VARIANTES OU DERRUBE DE CASAS?
Se estarão recordados, aqui há uns bons pares de anos, o benquisto cidadão Gabriel Antunes do Pomar pugnava na “Folha de Tondela”, assinando como “Caramulano”, pela rectificação da estrada em questão, pois ela encurtava distâncias entre Tondela e Campo de Besteiros e a Vila do Caramulo e toda a zona serrana.
E reclamava, mesmo, que deveriam ser feitas variantes a Janardo e ao Figueiral e tirando, até, algumas curvas apertadas. Isso, para si, seria um grande melhoramento para a região – encurtar caminhos e tornando menos distante a serra do vale.
Muita gente lhe dava razão, só que as autarquias locais, incluindo a Câmara Municipal de Tondela, nunca anuíram à pretensão de Gabriel Antunes do Pomar, um homem de visão e de muito empreendedorismo, detentor de vários negócios na serra e na cidade.
Cheguei, também eu, a pugnar por essa ideia, sendo apenas mais uma voz a clamar no “deserto”, quando é certo que a via tem hoje um tráfego intenso, que mais parece o de uma via principal sã e escorreita, o que não é o caso desta de que se fala.
Não se têm registado acidentes de maior, porque as pessoas transitam ali com algum cuidado, mas há apertos que é quase impossível não “bater”.
Pois, senhores autarcas e Município de Tondela, enquanto não chegam essas melhorias na estrada que serve o Figueiral e Janardo, mandem colocar placas toponímicas à entrada e saída da via indicando que, por ali, não podem transitar veículos pesados de mercadorias e, muito menos auto-tanques, sejam de combustíveis, de gaz, de água ou de vinho.
Assim, é que não.