Durante a florescência da Estância Sanatorial do Caramulo, um dos seus doentes, Joaquim António Seabra, teve a feliz ideia de, através das ondas hertzianas, pôr a funcionar uma rádio, destinada a animar os dias daqueles que foram para o Caramulo a contas com a doença pulmonar.
Mal ele adivinhava que, 82 anos mais tarde, o seu projecto, passando por várias metamorfoses, se transformaria numa empresa credível e respeitada em todo o mundo, através de uma estação emissora do maior prestígio na região e a nível nacional.
Joaquim Seabra, que bem conheci, nos anos 60, quando ainda jovem das artes gráficas, homem empreendedor e de fino trato, escolheu o dia 13 de Maio de 1939, para arrancar com a sua pequena rádio, o Rádio Polo Norte.
É certo que, na Estância Sanatorial, um outro projecto nasceria, destinado aos doentes vindos da Marinha. Foi a Rádio Oceano, a denominada “Rádio dos Marinheiros”, que teve vida efémera.
A locutora Maria Helena, caramulana de nascimento, cedo tomou contacto com a rádio, era a menina da rádio, estando sempre ligada a ela, como seu marido, o experimentado radialista, Lopes da Rosa, de seu nome Joaquim Luís Cleto Lopes da Rosa, natural de Manteigas cujo destino viria a ser, também, a Serra do Caramulo, onde, por motivos igualmente daquela doença, ali se instalara no Sanatório das Forças Armadas.
Houve tempos difíceis para aquele projecto radiofónico, que passou por vários donos e teve outras tantas designações.
Esse projecto soçobrou nos anos 80 e, em 1988, é constituída uma sociedade por quotas, com a designação “AO TOM D’ELLA (Rádio), LDA., que contou, para além de Lopes da Rosa e esposa, com pessoas de outras profissões, entre elas, o Amândio Loureiro, o Won, das geleias de milho sem açúcar e antigo sexador de pintos do dia (natural da Coreia do Sul) e o jornalista Zé Beirão.
Talvez devido à designação da empresa radiofónica, as emissões da “Rádio Tom Dela”, foram iniciadas no ano seguinte, designação que ainda existe, mas a Rádio, anos mais tarde, voltaria ao nome actual, Emissora das Beiras.
Foi longe, o projecto radiofónico, que vive com saúde tantos anos após a sua fundação e, pelo seu maior prestígio na região das Beiras, não teme o futuro, tanto mais que o director de programas, que é Lopes da Rosa, tem feito uma gestão criteriosa e realista da sua actividade, mesmo que, no fim de cada mês, pague certinho e direitinho aos seus funcionários, além de outras despesas, também certas e inevitáveis.
No dia 13 de Maio deste ano da Graça de 2021, Lopes da Rosa fez publicar uma mensagem no seu site, bastante curta, mas que sintetiza o muito que poderia dizer sobre o passado e o presente de uma estação emissora que muito honra e orgulha, não só a actual vila do Caramulo, mas também todo o concelho de Tondela e a região das Beiras em geral, que cobre, com a sua acção de divulgação e apoio, todas as suas actividades, seja no campo das instituições oficiais e privadas, as autarquias e toda a vida social, cultural, desportiva, turística e económica, que muito beneficiam com uma programação de interesse geral e colectivo.
Além de que Lopes da Rosa assevera que a Emissora das Beiras é “Independente, Portuguesa e Beirã”, acabando por deixar o seu agradecimento a todos os seus ouvintes, anunciantes e amigos e o seu incentivo de amizade que tem chegado até ela.
- TRABALHADORES DA EMISSORA DAS BEIRAS
Lopes da Rosa, Maria Helena, jornalista Marta Catarina Rosa (sua filha), o sonoplasta Arlindo Magusto e a Sara Ferreira, além de que outras pessoas, igualmente, também colaboram com a Rádio, em diversos programas e rubricas, que enriquecem a sua programação diária, sem interrupção.
Parabéns, pois, para a Emissora das Beiras, numa data que se quer repetida por muitos e longos anos…
ZÉ BEIRÃO