TONDELENSES VOLTAM A CONFIAR EM JOSÉ ANTÓNIO DE JESUS (PSD) PARA CUMPRIR MAIS UM MANDATO À FRENTE DO MUNICÍPIO

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Percorridas as sete partidas do concelho de Tondela, desde o vale à Serra do Caramulo, com maior ou menor ruido, chegou ao fim a campanha das Eleições Autárquicas de 2021 e, depois de um dia de reflexão, realizou-se o acto eleitoral no dia 26 de Setembro, sem quaisquer incidentes.

Havia a curiosidade de saber, até que ponto, ia a confiança dos tondelenses perante o candidato que, há oito anos, dirige os destinos do concelho, dado o caso jurídico que ainda não foi dirimido em Tribunal e o candidato do PS, Francisco Coutinho, que está apostado em roubar a Câmara ao PSD.

A noite eleitoral, foi de grande expectativa, com a contagem de votos nas sedes de campanha, instaladas em dois pontos distintos da cidade – o PSD, na Avenida Visconde de Tondela e o PS, no Largo 1.º de Maio, ambas com a presença de apoiantes e simpatizantes, que aguardavam, ansiosos e expectantes, os resultados dessa contagem.

De permeio, não se registaram grandes movimentações de pessoas, apenas a curiosidade de saber quem ganhou e quem perdeu. Vieram apoiantes de muitas aldeias, mas, tudo muito discreto, até à contagem final, pois a luta era de “taco a taco”, com algumas freguesias a trocar de mãos, umas para o PS e para os independentes e, a maioria, para o PSD.

Aliás, foi também assim, a nível nacional, inclusivamente com as câmaras municipais. A noite, já não era “uma criança”, quando se fez luz nos resultados eleitorais no concelho de Tondela. O PSD voltou a conquistar a Câmara e a Assembleia Municipal, embora não por grande diferença de votos, mas os bastantes para ter, ainda, a maioria de mandatos. O candidato a presidente de Câmara, Francisco Coutinho (PS), ia conseguindo fazer história se, por uma margem negativa de 244 votos, não visse esfumar-se o sonho de conquistar a câmara da sua terra natal, onde é oficial de Justiça e um executante experiente da Filarmónica Tondelense, que serve desde muito jovem.

Ambas as caravanas estavam preparadas para, na contingência de vencerem, percorrerem as ruas da cidade e do concelho, honra que coube à caravana “laranja” que, várias vezes, passou em frente à sede de campanha do PS, em alta vozearia e buzinas estridentes, desfraldando as bandeiras do seu partido que, a nível nacional, deu alguma “tareia” no partido de António Costa que viu fugir-lhe a câmara mais importante do país e de outras capitais de distrito, mas que alegou ser, ainda, o partido mais votado e, portanto, “vencedor” da noite eleitoral.

À passagem da caravana de José António de Jesus, “responderam” os prosélitos de Francisco Coutinho, erguendo os punhos e a palavra de ordem: “PS, PS, PS”…

Saliente-se a correcção e o civismo dos apoiantes das duas candidaturas, não se registando quaisquer incidentes dignos de nota. E assim é que é bonito. Em democracia, ganha-se e perde-se por um voto que seja.

Ainda não foi desta que o Partido Socialista roubou a câmara ao PSD, embora já o tente desde as primeiras eleições livres, através de candidatos como o foram Cílio Correia, Rui Santos e Joaquim Santos.

JOSÉ ANTÓNIO DE JESUS:

  • “É uma vitória contra os mercenários das redes sociais”

Recuando na cronologia destes acontecimentos, conhecidos os resultados eleitorais, fazendo-se rodear do novo presidente da Assembleia Municipal, António Leitão Amaro, vereadores, apoiantes de campanha e de alguns presidentes de Junta também vencedores pelo PSD, o reconduzido presidente do Município, teceu um vigoroso discurso, onde não poupou aqueles que, na “sombra” das redes sociais, o têm atado fortemente.

“É uma vitória da humildade”, começou por dizer José António de Jesus e continuou, “é uma vitória do trabalho, é uma vitória da competência”, porque quem ganhou “tem prova dada no trabalho feito”.

 

“É uma vitória das pessoas humildes que não precisam de se mascarar com sorrisos amarelos e são francas, genuínas, autênticas, verdadeiras e é por isso que tiveram esta vitória… é a vitória contra os mercenários das redes digitais, que durante dois anos e meio, outra coisa não fizeram porque pensavam que podiam matar o presidente da câmara, mas nas urnas, fomos nós que ganhámos”, sublinhou, com veemência, José António de Jesus, o grande vencedor da noite eleitoral.

“Em democracia, quem manda é quem vota, não é quem escreve escondido atrás dos teclados, é por isso que, nesta vitória, tem a importância que tem. Fosse ela por um voto que fosse, era importante que o nosso concelho não parasse no seu processo de desenvolvimento. É por isso que este resultado, é um resultado que honra todos aqueles que souberam resistir, todos aqueles que tiveram que ter sangue frio para não reagir à provocação durante esta campanha”, sublinhou o autarca que, ao longos destes anos, tem sabido atrair investimento para o concelho.

Explicou ele que tanto ele como todos os candidatos vencedores fizeram uma campanha de informação, explicando às pessoas o que queriam fazer, o que queriam construir e o que estavam a fazer e onde queriam chegar e queriam por isso, fazer “uma governação que atinja todos aqueles que estão no nosso concelho, na saúde, com importantes investimentos, na requalificação da nossa rede de cuidados primários, na continuada expansão das zonas industriais”.

  • “É preciso que a democracia volte a Tondela?”

Referindo-se a situações de apoio à outra candidatura, quis deixar claro que, “como é possível que alguém tenha feito uma campanha a acusar o actual presidente e novo presidente, de ser o presidente amigo dos empresários e, ao mesmo tempo, tenha escolhido para braço de mandatário não sabemos de quê, uma figura que não é do concelho e ninguém conhece do concelho, a não ser que venha mais tarde instalar uma fábrica de cápsulas de café, aqui em Tondela”. Como é possível, que alguém, que teve responsabilidades públicas, que serviu o concelho, em democracia e antes da democracia, diga que é preciso que a democracia volte a Tondela, alguém não está bem”, afirmando que tinha de ter “condescendência por aqueles que perderam a lucidez, nesta campanha”.

“Meus amigos, quem votou em nós, votou para governarmos, governarmos o concelho nos próximos quatro anos, governarmos a assembleia municipal, liderada pelo Leitão Amaro, governarmos a maioria das juntas de freguesia”, tendo referido, em particular, a freguesia da cidade, que voltou às mãos do PSD, agora passando a ser liderada por Pedro Neves” e, com ela, também, a vitória de José Dias e a sua recondução, na presidência da Junta de Molelos, na área da cidade.

 “Quero a todos dizer, as eleições são um momento de escolha, só nos candidatámos a estas eleições pelo nosso concelho, foi por isso que dissemos e colocámos o slogan, ‘o concelho de Tondela à frente’, é isso que nos move, não é a vaidade pessoal, já tivemos o poder que poderíamos ter, não é outra razão que não seja continuar a investir no nosso concelho, para que ele seja liderante, liderante na atracção de emprego, é isto que doí a muita gente, liderante na atracção de empresas, liderante na qualidade de vida, liderante numa região de bem-estar, que muitos se esforçam por denegrir, quando deveriam ser os primeiros a apoiar o desenvolvimento do nosso concelho”, sustentou.

“É por isso que a vereação socialista anterior esteve contra investimentos na saúde, esteve contra a da atracção de investimentos, é por isso que o povo disse nestas eleições que o concelho de Tondela vai continuar à frente com todos nós, com uma governança inclusiva, onde todos somos precisos, trabalharemos com todos, com aqueles que ganharam as respectivas freguesias democraticamente, mas não deixaremos de levantar a nossa voz contra aqueles que hoje, perdendo, vão pensar amanhã que ganharam as eleições porque, de facto, não sabem o que é democracia, para muitos, a democracia só existe, quando se respeitam as minorias e também há democracia quando temos que respeitar as maiorias, nós somos a maioria para governar”, concluiu.

FRANCISCO COUTINHO (PS):

  • “Só é vencido quem desiste de lutar” 

A nossa reportagem esteve junto de Francisco Coutinho, o candidato a presidente da Câmara Municipal de Tondela, que acabara de ser derrotado por José António de Jesus, contudo, não se mostrou frustrado, porque “só é vencido quem desiste de lutar”, como disse.

“Após uma impressionante mobilização, alcançámos um resultado histórico, embora tenhamos perdido as eleições por escassos 244 votos. Apesar disso, não posso esquecer a força que nos foi dada, para fazer mais e melhor por Tondela”, a todos agradecendo o apoio concedido. 

E deixa uma intenção de força e de determinação: “Continuaremos o nosso caminho, pois a vitória está cada vez mais perto”.

 

ELEIÇÕES EM TONDELA EM NÚMEROS

Sobre as contas destas eleições no concelho de Tondela, embora o PSD tivesse ganho a Câmara, a Assembleia Municipal e em 12 freguesias das actuais 19, contudo, perdeu eleitores para o PS, que ganhou nas freguesias de Mouraz/Vila Nova da Rainha, Caparrosa/Silvares, Canas de Santa Maria, Lobão da Beira e S. João do Monte/Mosteirinho. Perde, também, um vereador para o PS, ficando o elenco composto por 4 elementos do PSD com o presidente e três do PS.

Listas de independentes, concorreram e ganharam em Santiago de Besteiros e Guardão, derrotando, assim, os candidatos do PSD nestas freguesias, com as listas encabeçadas, respectivamente, por Agnelo Laranjeira e por António Dias, apostado em substituir o anterior presidente, António Ferreira.

Surpreenderam, pois, as vitórias dos socialistas e dos independentes em freguesias onde normalmente quem ganha é o PSD, como é o caso de S. João do Monte/Mosteirinho, ganha por Paulo Dinis, com David Santos, Lúcia Pereira e Jorge Silva, destronando António Pereira e Casimiro Rodrigues, que parecia estarem de “pedra e cal” à frente da Junta, também com os restantes candidatos, Paula Pereira e Nuno Pereira.

Dizer que é notória a desertificação destas duas freguesias mais distantes da sede do concelho. Em Mosteirinho há, actualmente, apenas 163 eleitores e, em S. João do Monte, freguesia dispersa e com muitos povoados, 687.

  • No cômputo geral, para a Câmara Municipal de Tondela, o PSD obteve 44,92% dos votos (4 mandatos) e voltou a eleger José António de Jesus como presidente da Câmara.
  • O segundo partido mais votado é o PS, com 43,38% (3 mandatos).
  • O Chega obteve 3,71% dos votos, seguindo-se o PCP-PEV com 3,04%.
  • Nas autárquicas de 2017, o PSD obteve em Tondela 57,49% dos votos (cinco mandatos), enquanto o PS conquistou 23,25% (dois mandatos), sendo bem evidente a subida em número de votantes no PS, quase o dobro, situação que deverá merecer uma reflexão da Comissão Política do PSD de Tondela.
  • ZÉ BEIRÃO