
OS ÊXITOS NÃO ESQUECEM O TRABALHO DE MUITOS!
Fundado em 1942, o Clube Atlético de Molelos, concelho de Tondela, completou no Domingo, 2 de Outubro de 2022, nada menos de 80 anos de vida, ao serviço do desporto na terra da louça preta.
O futebol em Molelos, como foi em Tondela e em Nandufe, depois que o Eng.º António Almiro de Figueiredo o incutiu entre nós, após o seu regresso da Bélgica (onde estudara) em 1910, era praticado à vontade de cada um, sem leis nem regras.
E foi assim que, desde então o bichinho do futebol não mais largou os jovens da região, tendo sido formados vários grupos informais, ou de bairro, sendo conhecidos alguns de Tondela, como o “União”, o “Império” e o “Estrela”, entre outros da antiga vila, cujo campo de futebol foi a cerca do Hospital Velho construído em 1915 e, daqui, passou para o recinto da Feira, com vedação por cordas amarradas às sobreiras lá existentes.
Para falar, com propriedade, do futebol em Tondela, temos de consultar um trabalho de Caetano de Matos Rodrigues Tapada, quando escreveu os primeiros 25 anos (1925/1950) da história do Tondela Futebol Clube (1925) ao Clube Desportivo de Tondela (1933) – contada em folhetins semanais na “Folha de Tondela”, onde, naturalmente, falava nos restantes clubes do concelho dessa altura.
Também em Outubro de 2004, seria lançado o livro “Viseu Futebol”, de Carlos Costa, que foi secretário da Associação de Futebol de Viseu durante muitos anos, sucedendo a outro grande desportista, que foi Manuel do Sacramento. Nesse livro, aparecem referências e histórias dos clubes de todo o Distrito e também do Clube Atlético de Molelos, pela pena de Nelson de Matos Coimbra, um atleta e desportista a quem o Atlético muito deve.
A VIDA DIFÍCIL DO ATLÉTICO DE MOLELOS
Nelson de Matos Coimbra, trouxe à baila grande parte da história do Atlético, ao publicar, semanalmente, em 2003, na “Folha de Tondela” a sua crónica semanal “Molelos, a minha terra” e também, “Memórias do Passado – dos pioneiros ao C.A.M.”.
Para entrar em provas oficiais, o clube tinha que cumprir normas legais estabelecidas e os Estatutos em vigor aprovados em 1946, pondo assim termo à continuação da Comissão Administrativa que desde Janeiro de 1943, por dificuldade de formar elencos directivos, vinha dirigindo e orientando toda a actividade do clube durante cerca de oito anos.
Nesse contexto, mantendo o clube em actividade, muito contribuiu a acção de Carlos da Costa Pereira, Nelson de Matos Coimbra e José de Matos Coimbra, este que foi orientador técnico na primeira direcção que se demitiu em Janeiro de 1943 e, mais tarde, seu presidente em 1951.
Carlos Pereira teria grande protagonismo na conquista da “Taça Folha de Tondela” em 1942, tendo assumido, corajosamente, o comando e a orientação do clube, após a demissão da 1.ª direcção e pouco tempo depois, com Nelson de Matos Coimbra, formaram a primeira Comissão Administrativa sucessivamente renovada até 1950.
A primeira direcção foi composta por José de Matos Coimbra (presidente), Carlos da Costa Pereira (secretário) e José Ribeiro Melo (tesoureiro), desconhecendo-se o modo da sua eleição e a data e a composição de todo o elenco directivo, tendo a equipa tomado parte em vários jogos de preparação, com o vizinho Clube Desportivo de Tondela e o Grupo Desportivo de Canas de Sabugosa.
Começou por participar no Campeonato Regional da 2.ª Divisão de Viseu, com o Sporting Clube de Nandufe, o Besteiros Futebol Clube, o Grupo Desportivo de Canas de Sabugosa, a Associação Desportiva Sampedrense e o Grupo Desportivo de Mangualde, que constituíam a zona A, tendo começado em 4 de Janeiro e terminado em 29 de Março de 1953, fase da qual saiu vencedor o Atlético de Molelos.
O primeiro jogo, foi na Vila de Campo de Besteiros, onde venceu o velho rival Besteiros Futebol Clube, por 1-0, tendo o Molelos alinhado com Celso, Duarte, Alexandre, César, Arlindo, Carlos Nunes, Severino Gomes, Norton (capitão), Dias, Horácio e Melo.
Por seu turno, o Besteiros teria alinhado com Carvalho, Tavares, Américo, Ildo, Aníbal, Alfredo, Calheiros, Manuel, Orlando, José Manuel e Hilário.
O Atlético de Molelos acabaria por se sagrar campeão distrital da 2.ª Divisão, na época de 1953/54. Na época de 1967/68 e 1968/69, participou no Campeonato Nacional de Juniores e, em 1973/74 voltou a participar no mesmo campeonato, tendo a equipa sénior, participado no Campeonato Nacional da Terceira Divisão na épocas de 1977/78 e 1978/79, onde alinhou o saudoso Carlos Jorge, tendo participado naquelas épocas na Taça de Portugal.
Actualmente, o Atlético participa nos campeonatos distritais de Viseu, com quatro escalões e ainda nos distritais de Andebol, também em quatro escalões.
A FESTA DOS 80 ANOS

O dia foi iniciado com uma romagem ao Cemitério Municipal de Molelos (o 2.º nessa categoria da cidade), onde usou da palavra o presidente da Assembleia-geral José António Dias, seguindo-se a missa na Igreja Paroquial, celebrada pelo padre Américo Duarte e procissão onde o estandarte foi inserido pelas mãos do presidente Luís Cabaças.
À tarde, o jogo entre o Molelos e os Vouzelenses, que terminou com a vitória do Atlético pela margem mínima. Mais à tardinha, o jantar-convívio, caseiro, nas instalações do pavilhão desportivo, que decorreu animadamente, onde foi prestada homenagem ao Dr. Elísio Gomes de Matos.


Aos brindes, usaram da palavra, o presidente da direcção, que ofereceu uma lembrança ao Dr. Elísio. o Luís António, dos Veteranos, que ofereceu nova lembrança e o mesmo fez o vice-presidente da A. F. Viseu, Paulo Fraga Cardoso, que deixou uma placa alusiva aos 80 anos do CAM.

Falaram ainda o presidente da Junta, José António Dias, o Dr. Elísio que, muito comovido agradeceria a homenagem prestada, que não esperava, pois sempre trabalhou para o clube desinteressadamente.

Encerrou os discursos, Carla Borges, que deu os parabéns ao CAM, pelos seus 80 anos, aflorando projectos que apontaram para o futuro do clube e os apoios do Município que, no dia anterior, teria assinado dois protocolos de colaboração com o Atlético, no valor de 52.000 euros, assim repartidos: 42.000 euros, destinados ao futebol e, o segundo, de 10.000 euros, que vão direitinhos para o Andebol.
No final foram cantados os parabéns a você com o corte do bolo, oferecido pelo Nelson da “Rosicar” e champanhe, tudo acabando com música animada por um vocalista da cidade.