Foi no dia 19 de Março de 1892, que um grupo de tondelenses bairristas e eivados de um forte espírito solidário e altruísta, à frente dos quais Caetano de Matos Ferreira e António Antunes do Vale, fundou aquela que é hoje a mais antiga instituição do concelho de Tondela.
Falamos da Associação Artística de Socorros Mútuos “19 de Março” que, não obstante, as vicissitudes encontradas ao longo da sua existência, esteve sempre na primeira linha no apoio a quem mais dela necessitava, através da assistência médica e medicamentosa, subsídio na doença, subsídio de funeral e, não obstante a “concorrência” da Segurança Social, ela continua a ajudar aqueles que não foram tão bafejados pela sorte.
Já em 1955, Caetano Tapada, que era o presidente da Direcção, numa revista do Cortejo de Oferendas a favor do novo hospital, realçava os benefícios dos associados, não obstante uma cota baixa de, nessa altura, 10$00 (hoje 5 cêntimos), fiel ao seu lema: “Um por todos e todos por um”.
O beneficiário tinha, na instituição, uma autêntica Caixa de Previdência, com direito a médico, medicamentos e subsídios de doença e de funeral que, nessa altura, era de 500$00. Era muito dinheiro na época.
Mesmo com a Segurança Social a comparticipar, largamente, os medicamentos, nos dias de hoje, a colectividade tondelense continua a ajudar na diferença a pagar ao beneficiário.
Não obstante a sua vida menos desafogada nalgumas alturas, a instituição sempre teria contado com o amparo de figuras beneméritas de Tondela, como foi o caso do saudoso benemérito Alberto Cardoso de Matos que, em devido tempo, teria sido agraciado com a comenda da Ordem da Benemerência, pela sua generosidade, também prosseguida pelo seu irmão José, ambos a criar riqueza em África e que, regressados à sua terra, nunca esqueceram as instituições de solidariedade social, ajudando-as na sua caminhada de bem-fazer, nomeadamente, Bombeiros, Misericórdia, Associação e a antiga Sopa dos Pobres (cantina escolar) e até pela edificação de casas de rendimento e bairro para famílias carenciadas.
Neste ano de 2022, a Associação de Socorros Mútuos, completou mais um ano de vida e já são 130 anos nesta caminhada do bem e, no dia 19 de Março, pela manhã, houve hastear da bandeira na sede social, uma prerrogativa da também benemérita D. Maria Laura Ferreira Pinto Basto, que doou a esta colectividade, o belo edifício onde se encontra, onde, igualmente, chegou a funcionar a sede da Filarmónica Tondelense, também já “velhota”, com mais de 100 anos.
Ao acto, esteve presente a actual presidente da Câmara Municipal de Tondela, Carla Antunes Borges que, com os actuais dirigentes, se incorporou na romagem de saudade ao Cemitério Municipal, onde foi deposta uma coroa de flores.
No regresso às instalações sociais, Carla Borges agradeceu o convite para estar presente, tendo reconhecido o papel importante da instituição, no apoio mutualista que ela presta à sociedade tondelense nos dias que correm, tendo mantido as portas abertas nesse dia para que os sócios e amigos tivessem alguns momentos de convívio.
Marcaram presença nestas comemorações, o presidente da Assembleia-Geral, Manuel Andrade, o presidente do Conselho de Administração, Eduardo Dias Marques, o secretário do Conselho Fiscal, Paulo Carriço, os antigos dirigentes, José Manuel Pereira Mendes e Carlos do Carmo e o chefe António Neves que, não obstante os seus 94 anos, foi quem transportou a bandeira da colectividade na romagem ao cemitério.
- GLÓRIA AOS FUNDADORES E
- AOS CONTINUADORES
Em conversa com o jornalista, o eng.º Andrade teria lembrado que, pelos anos 80, a vida da Associação andava muito periclitante e foi um grupo de associados que, em 1982, tomou conta das suas rédeas, relançando-a na sua função meritória.
Esse elenco foi constituído por Mário Albino Borges (presidente da Direcção), Nelson de Matos Coimbra (presidente da Assembleia-Geral) e ainda por Manuel Henriques de Almeida, Élio dos Santos Vale, Sérgio Caetano da Cruz Ferreira (já falecidos), Maria Albertina Cid do Carmo, José Lopes Pereira e Alceu Basílio da Fonseca.
Embora não tendo vida muito facilitada, nos dias que correm, cremos que a nossa mais “velhinha” instituição do concelho e uma das mais antigas do distrito e do país, há-de chegar ainda mais longe e, para tanto, basta ir adaptando as suas actividades assistenciais às mudanças destes tempos, talvez através de funções recreativas, culturais e sociais, para além dos serviços inestimáveis que ainda vai prestando.
Glória aos fundadores e aos continuadores !!
ZÉ BEIRÃO