A ministra da Coesão Territorial disse em Tondela que a Comunidade Intermunicipal (CIM) Viseu Dão Lafões é um exemplo que deve inspirar outras regiões a terem projectos de transporte flexível e personalizado junto das populações.
“Há territórios onde os operadores privados não têm interesse em prestar serviços porque, dada a reduzida população, não são atractivos para operadores privados” e, por isso, é que o Estado, seja a administração central seja a local, “tem de garantir esse transporte”, afirmou Ana Abrunhosa.
A ministra falava na apresentação do projecto “Ir e Vir”, da CIM Viseu Dão Lafões, no Parque Urbano, em Tondela, com a presença não só da ministra, mas também de Isabel Damasceno, coordenadora da CCDRC, do presidente do Município de Tondela, como anfitrião, José António de Jesus, entre outros presidentes e autarcas e que arrancou esta segunda-feira, dia 04 de Outubro, em seis municípios piloto: Aguiar da Beira, Nelas, Oliveira de Frades, Santa Comba Dão, Tondela e Vouzela.
- FALTA DE SERVIÇOS PÚBLICOS E DE PROXIMIDADE
“Continuamos a ter no nosso território, sobretudo em territórios do interior, problemas de falta de serviços públicos de proximidade e este exemplo deve inspirar outras comunidades intermunicipais a trabalhar ao nível supramunicipal”, desafiou.
Um projecto que o secretário-geral da CIM Viseu Dão Lafões, Nuno Martinho, apresentou e que envolve, nesta primeira fase, seis municípios, 26 taxistas e 20 circuitos – em Dezembro, “será feita uma avaliação para alargar a rede de municípios com este serviço”.
“É um transporte que resolve o problema das pessoas, da mobilidade, e, é bom dizê-lo, que conseguimos fazê-lo a um menor custo financeiro, o que é fundamental. É um transporte feito em táxi, com um dístico identificativo, com flexibilidade”, disse o orador.
Este serviço “só pode funcionar onde não existe oferta pública de transporte de passageiros – basta que passe um autocarro por dia, para que já não seja possível” existir – esclareceu Nuno Martinho, referindo que, na região, “há muitas localidades nesta situação”.
Para isto, explicou, “há uma linha gratuita (800 10 20 30) que deve ser usada na véspera da viagem e, a pessoa, só tem de estar na paragem indicada para a hora pedida, porque o taxista vai passar. O bilhete deve ser pago no início da viagem e tem o custo da carreira pública por aquela mesma distância”.
Para a ministra, “onde os operadores privados não querem trabalhar”, as CIM “devem garantir transporte flexível e a pedido”, o que “também tem vantagens para a economia local, para os taxistas”.
- NÃO HÁ COESÃO TERRITORIAL COM POPULAÇÕES ISOLADAS
“Não podemos falar de qualidade de vida, de coesão territorial, se tivermos parcelas do nosso território ou populações isoladas, e muitas vezes estamos a falar de população mais vulnerável, pela idade avançada e mobilidade condicionada”, sustentou a governante.
O Estado não pode permitir que essas pessoas “fiquem longe de serviços, de bens e serviços de importância local” que passam, “não só pela acessibilidade, mas também os serviços de saúde, os serviços públicos em geral e a cultura”, sublinhou.
“Este serviço “Ir e vir” é um serviço de transporte público personalizado, é eficiente, é flexível e, como vimos, depende da reserva antecipada até à véspera da viagem e leva o cidadão até ao serviço de que ele quer dispor, portanto, não podemos ter algo mais adaptado às necessidade de cada pessoa e o preço simbólico do bilhete torna a viagem acessível a todos e isto é, de facto, serviço público, coesão e qualidade de vida nas populações”, concluiu Ana Abrunhosa.
Antes das intervenções de Nuno Martinho e de Ana Abrunhosa, coube a José António de Jesus tecer algumas considerações acerca deste novo serviço de proximidade, a servir aquelas populações que, mais distantes da sede do concelho, estão, naturalmente, sempre mais isoladas. O “ir e Vir”, vai suprir essa falta de transportes públicos e acessíveis à bolsa de cada cidadão, sendo transportado em táxis, mas pagando, o mesmo que pagaria numa carreira regular de transportes colectivos.
- IGUALDADE DE OPORTUNIDADES TAMBÉM PASSA POR ESTES SERVIÇOS
“O acto que hoje testemunhamos é um dos mais fortes contributos para a coesão e igualdade de oportunidades. Garantir mobilidade e acesso a serviços especiais é uma obrigação resultante do modelo de desenvolvimento que conjuntamente desejamos aprofundar”, sustentou o autarca.
“Em paralelo, no novo concurso público que a CIM está a preparar, pretende-se assegurar um novo transporte de passageiros. Queremos desenvolver corredores pendulares. Importa que os instrumentos de apoio público, tenham este grau de reforço de coesão territorial e não se fixem de forma tão gritante e esmagadora nas áreas do Porto e de Lisboa. Igualdade de oportunidades também passa por estes níveis de serviço”, frisou José António de Jesus, ao mesmo tempo que quis felicitar todos aqueles que nestes seis municípios de desenvolver este transporte flexível, sendo propósito da CIM alargar a rede.
ZÉ BEIRÃO*
- Jornalista